Quando visitar o norte de Portugal, e porventura a Galiza e Santiago de Compostela, pode ser que tenha a sorte de estar numa altura em a a Bienal de Cerveira esteja activa. Com mais de 3 décadas de existência, a Bienal de Cerveira detém um passado histórico. Falar dos seus inícios implica contextualizar um período que engloba a transição democrática de 1974. Como corolário do pós-regime ditatorial, prevalecia uma necessidade de intervenção artística como modelo recuperado de expressão livre. A ânsia criativa, até então repreendida, pronunciava-se fortemente.
É neste contexto que surgem os Encontros Internacionais de Arte, cuja organização estava a cargo do Grupo Alvarez do Porto e de Jaime Isidoro. Ambicionava-se estabelecer a criação de espaços livres de intervenção de rua, elevando o diálogo arte/população ao seu máximo expoente, mediante um contacto presencial com o artista.
Lemos Costa, presidente da autarquia de Vila Nova de Cerveira na altura, consciente do valor da interferência da arte no desenvolvimento social, proporcionou um ambiente excepcional para a realização da sua V edição, dando assim origem à I Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira. Tendo ocorrido entre os dias 5 e 12 de Agosto de 1978, esta ‘Gala da Arte portuguesa e estrangeira’, visava o intercâmbio de ideias como um impulsionador de transformações e uma urgente mudança económica, social e cultural. Sob o mote de levar a arte à rua, a Bienal Internacional de Arte de Cerveira afirmou-se como um evento de referência, dos mais marcantes das artes plásticas no país.
Após três décadas de existência, a Bienal de Cerveira é hoje uma marca com notoriedade nacional e internacional. Cultivando e estimulando a criatividade da região, tem vindo a atrair o público a um ritmo crescente e a alargar a sua incidência geográfica ao promover exposições em espaços culturais localizados noutros concelhos do Vale do Minho e da Galiza. Este fenómeno de descentralização cultural e internacionalização, tem vindo a proporcionar um espaço de encontro, interacção, divulgação de ideias e uma oportunidade de projecção para artistas nacionais e internacionais.